De Passagem




Eu não queria que esse fosse mais um texto sobre “ o carinha que mora logo ali” que partiu meu coração. Quer saber, chega uma hora que fica chato toda essa mesmice, essa coisa de ter que ficar me remetendo a ele o tempo todo nos meus textos. Chega de tanto mimimi, choradeira, músicas depressivas. Tô cansada de ficar mudando de direção pra não ter que encontrá-lo, de fingir que sou forte por dentro  e não me importo. No começo é difícil, como eu disse, só estava tentando me proteger. Mas quer saber? Tem um mundo lindo lá fora, um monte de coisas legais que eu posso fazer e pessoas maravilhosas me esperando pra sair sábado à noite. Cansei de ficar na defensiva, dessa passividade toda.

Eu levei mais um “tombo” da vida, ou melhor tropecei no seu caminho sem querer, só que ele não estava lá pra me estender a mão, como diz a música. Mas eu tô viva. O tempo passa, as pessoas passam, a vida passa, e eu quero passar também. Quero passar por lugares legais, passar na vidas pessoas e deixar um gosto bom, passar nas matérias e me formar (rsrsrs), passar numa livraria e compra um monte de livros, passar na esquina e cumprimentar alguém, passar por vitrines e olhar as novidades, passar meu batom vermelho e sair pra passear. Passar pela minha vida e realizar meus sonhos.





Carta pra Depois




Você me viu passar e sentiu algo diferente comigo, percebeu que eu não era a mesma garota de meses atrás. Te deixei confuso. Soube que você comentou com uma amiga nossa sobre mim, perguntou se eu estava bem, o que eu andava fazendo e se ela também tinha percebido algo estranho em mim. Ela disse pra não se preocupar, que certamente era impressão sua. Que não sabia se eu estava com algum problema, que nunca mais tínhamos conversado. Então você parou pra pensar nos últimos acontecimentos, queria encontrar alguma resposta. Afinal, eu já não mandava mensagens engraçadas pro seu celular, eu parecia fugir das suas palavras.
Realmente, nos afastamos um pouco. Eu estava tão ocupada com as provas da faculdade, e depois você começou  a namorar. Espera! Será? Como não tinha pensado nisso antes? Isso mesmo. Essa notícia me pegou de surpresa naquele tempo, agora sou eu quem te deixou surpreso. Não esperávamos por isso. Não estava nos meus planos me apaixonar por você, e eu não estava nos seus planos pra esse ano. Muita coisa mudou depois das férias de janeiro. Você sentiu um pouco de receio em vir falar comigo,preferiu me deixar em “paz”. Melhor assim.Obrigada.

O espaço que tenho deixado crescer entre nós é justamente por isso: eu estou tentando me proteger dos meus sentimentos em relação a você. Estou tentando lidar com o peso das nossas escolhas e sobreviver às lembranças. Eu derramei muitas lágrimas e e senti um monte de coisas sobre você. Estou fazendo com que o tempo me ajude a esquecer, que deixe passar, que o vento leve tudo aquilo que me fez chorar naquelas tardes de tédio no meu quarto. Eu prefiro que você fique onde está, que não me pergunte ou tente explicar mais nada. Afinal, já não somos os mesmos de antes. Já não somos nós. Somos apenas uma lembrança que ficou pra trás.

Viver,Sentir,Escrever




Eu tava pensando esses dias sobre essa  mania de escrever, não sei explicar como isso começou, mas sinto que me faz bem. Lembro de dois momentos da minha adolescência em que talvez eu encontre explicação. O primeiro quando eu tinha uns 12 anos e ganhei um pequeno diário, daqueles que vendem em loja de importados com canetinha colorida combinando com a cor da capa, cadeado e chave. Lembro que o meu era verde e tinha páginas coloridas e ilustradas, uma graça. No começo eu não sabia o que escrever nele, nem se chegaria a usar. Afinal, o que uma garota de 12 anos tem a escrever? Sinceramente,muita coisa.  Acho que todo mundo  sempre tem algo a ser escrito numa folha de papel pra deixar guardado, às vezes nossos pensamentos fazem mais sentido na ordem das letras. Mas voltando, eu pensei que aquele diário era uma coisa boba. Sempre gostei de bobagens. Decidi que escreveria ali meus segredos, confissões e “fatos” da minha vida. Comecei escrevendo sobre meus dias na escola, a rotina em casa e o que eu achava das pessoas. Aos poucos eu fui pegando jeito e gostando do hábito. Guardei muitos segredos meus ali. Escrevia toda noite antes de dormir, e o que era um simples diário se tornou meu confidente, durante alguns meses. Acabei completando todas as folhas, e parei de escrever. Guardei por um tempo e anos depois eu o peguei,reli e acabei jogando fora. Confesso senti um pouco de vergonha das coisas que escrevi ali. Bobagem.
O segundo momento foi quando eu tinha 15 anos, ou mais. Tentei voltar a escrever, só que dessa vez eram poemas. Toda vez que escrevia uma poesia levava pro colégio e mostrava as minhas duas amigas. Só mostrava pra elas,mais ninguém. Depois comprei um violão e tentei escrever músicas, não deu muito certo. Eu sempre detestava e acabava rasgando. Então comecei a gostar de um garoto (eita,o amor), então voltei a escrever de novo. Tirando as lágrimas e músicas depressivas, pelo menos algo bom ele me deixou: me fez escrever muitos textos.

Foram momentos importantes pra mim, porque foi onde encontrei na escrita uma maneira de aliviar certos sentimentos e tentar me compreender melhor. Hoje eu continuo escrevendo, com uma visão diferente do mundo, novas perspectivas e mais experiências vividas. Carrego comigo um monte de lembranças que um dia precisarão serem escritas e ,quem sabe, lidas por aí. A escrita me liberta, ,me torna capaz de inventar e descobrir coisas. Eu não sei o quanto essa mania vai durar, mas enquanto me fizer bem continuarei escrevendo. Aprendi que nossos sentimentos não são motivos de vergonha, eles nos ensinam a sonhar.